sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Consulta de Psicologia - Associação Corações com Coroa


A Asssociação Corações com Coroa, fundada por Catarina Furtado, disponibiliza consultas de Psicologia!
É com orgulho e dedicação que fazemos parte deste projecto e contribuímos para a sua dinamização.


http://mulher.sapo.pt/atualidade/noticias/artigo/associacao-de-catarina-furtado-disponibiliza-consultas-gratuitas-de-psicologia


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Adolescentes com dificuldades: "culpa" da família?!


Muitas vezes deparamo-nos com jovens em dificuldades e, a acrescentar, com famílias, especialmente mães, que se sentem tremendamente culpabilizamos por isso.

A culpabilidade sentida e verbalizada pelas mães é ela própria contextual e como tal de natureza ecológica. As mães são desde os primórdios as figuras principais e aceites socialmente como as figuras que mais investem na protecção, educação e cuidado da descendência, ficando por isso também numa posição de maior responsabilidade pelas dificuldades que podem eventualmente ocorrer, ao longo do desenvolvimento dos filhos. Esta culpabilidade tornou-se mais relevante, e alvo de estudo, com as alterações culturais e sociais que levaram à integração da mulher no mercado de trabalho e à progressiva maior igualdade de sexos, a partir da qual as mães passaram a ter menos tempo dedicado à educação da sua descendência. Estas alterações são reportadas por muitas mulheres, como um elemento de perturbação pois frequentemente se sentem "divididas" entre responsabilidades e em "falta" para com a família.

Na adolescência, em que a rapidez e a complexidade das mudanças protagonizadas pelos filhos, se torna mais difícil de acompanhar e compreender, a emergência de pertubações nos jovens activa intensamente este sentimento de impotência e culpabilidade relativamente à falência da saúde mental destes, com uma associação clara entre estas dificuldades e as ausências, ou erros, que as mães nestas circunstâncias identificam em si mesmas (com ou até mesmo sem fundamento).

Esta é uma etapa de profundas transformações individuais, em vários vectores – cognitivo, físico, moral – e sociais, sobretudo no que respeita à relação com os pais e os pares. Nesta fase, os jovens têm como grande desafio, o desenvolvimento da sua autonomia e a construção de uma identidade estável, que contribua para a entrada na idade adulta de modo saudável e adaptado. Não podemos entender as problemáticas dos adolescentes (e, por vezes, das próprias famílias a lidar com estas transformações), sem ter em consideração as características gerais desta fase de vida.

Numa perspectiva ecológica, consideramos que as dificuldades ou problemas psicológicos não são exclusivamente individuais. Eles acontecem num contexto que inclui desde as características do indivíduo até às relações estabelecidas com outros sistemas proximais – a família, os pares, a escola – ou com sistemas mais distais – as normas sociais, os valores culturais e morais, etc. Assim, estes comportamentos de risco ou manifestações de dificuldade, não têm uma causa, ou um culpado, eles são o resultado de diversas variáveis que, em conjunto, concorrem para a perturbação. A educação é muito importante, o contexto em que se vive é muito importante, as características de personalidade são muito importantes. Mas, o mais importante é a forma como estas variáveis interagem no indivíduo e, também muito importante, num determinado momento do desenvolvimento.

Aqui, já estamos a considerar a perspectiva de desenvolvimento, que é em si mesma, ecológica. Nesta perspectiva, os comportamentos de risco ou psicopatologia, não são apenas considerados no seu contexto, eles são também analisados tem em conta a etapa do ciclo vital (individual e familiar) em que o paciente se encontra. Cada etapa de desenvolvimento sugere e impõe desafios diferenciais, transformações específicas e até alterações nas relações estabelecidas com os sistemas de interacção (como por exemplo, os já referidos: família, pares, escola). Se ter em consideração a etapa de desenvolvimento em que o paciente se encontra, é determinante, este aspecto é ainda mais crucial quando estamos a intervir com adolescentes (e suas famílias), pelas especificidades já referidas.

Alguns comportamentos de risco são, por exemplo, o abuso de álcool ou substâncias psicoactivas, já referidos, ou em jovens que revelam padrões comportamentais marcados por agressividade, revolta e incumprimento de regras e normais sociais. Nestes casos, como em outros que encontramos, julgo que o essencial é desmistificar esta questão da culpabilidade familiar. Obviamente o pai também sente culpa. Apenas sente-a de outra maneira, pelas diferenças sociais e culturais associadas ao papel da mãe e do pai, já brevemente mencionadas e sobejamente conhecidas.

O terapeuta deve ajudar a compreender as origens do sentimento de culpa, dando acesso a reflexões sobre o papel parental, as pressões sociais e familiares, as expectativas acerca dos filhos, que concorrem para este sentimento intenso e negativo. Por outro lado, e este aspecto tem-me parecido essencial quer em terapias familiares, quer em terapias individuais, importa sobretudo ajudar a reconhecer que encontrar culpados não só não faz sentido - pois existe uma multicausalidade e não uma causa linear - como não tem qualquer utilidade para a resolução do prolema, a recuperação da dificuldade ou o tratamento do distúrbio.

Ao enfatizar as competências e o papel positivo e activo da família na vida destes jovens, estamos não apenas a torná-la importante para a solução, em detrimento do seu papel no problema. Para os pais, perceberem e sentirem que fazem parte do tratamento dos seus filhos, que podem ajudá-lo de várias formas e contribuir para a sua recuperação, reforça a sua auto-imagem de figuras parentais cuidadoras, protectoras da sua descendência, tão importante para a auto-estima e bem-estar das mães e também dos pais. Mais ainda, "trazer" a família para a buscada solução pode contribuir para um reforço positivo das relações pais-filhos e devolver a aos primeiros a capacidade de exercerem a parentalidade com afecto mas também com regras e autoridade, algo que nestes casos, frequentemente já não estava a acontecer, ou estava a decorrer de uma forma pouco eficaz para a educação e desenvolvimento dos jovens.

DC

 

terça-feira, 9 de julho de 2013

Afinal o que é uma psicoterapia - American Psychological Association

Quantas vezes nos perguntamos ou ouvimos os outros perguntarem o que é uma psicoterapia e em que é que fazer psicoterapia pode ser útil?

Neste artigo, da American Psychological Association, associação mundialmente reconhecida pelo ser rigor e relevância na prática da Psicologia Mundialmente, podem ler algumas informações importantes sobre o que é fazer terapia psicológica, para que serve e como pode ser bem sucedida.

Este artigo "chama" a nossa atenção para dois aspectos muito relevantes que habituam as nossas ideias "pré-feitas": a primeira de que a terapia é algo que o terapeuta impõe ao outro, sendo o paciente/ cliente um ser passivo; a segunda, remete para a ideia de que a terapia é para aqueles que têm doenças psicológicas, só e apenas.

Consideramos, e pessoalmente, faz-me mais sentido esta abordagem, que os pacientes são agentes activos: são eles quem melhor se conhecem e melhor saberão, com a ajuda do terapeuta, encontrar o caminho para o bem-estar.
Para além disso, a terapia não é apenas aconselhada e eficaz no tratamento de doenças psicológicas/ psiquiátricas formais. Como o artigo refere, a psicoterapia é indicada para pessoas que estão em fases do seu desenvolvimento individual e/ ou familiar consideradas difíceis de gerir, ou que sentem um mal-estar emocional e relacional que não conseguem controlar, impedir nem melhorar através dos seus esforços ou da ajuda daqueles que fazem parte da sua rede social. Nestas situações, a psicoterapia pode ser muito útil para o encontro de novas estratégias, soluções e perspectivas sobre os problemas e para o alívio desta sensação de mal-estar ou sofrimento.

Fica o link!

http://www.apa.org/helpcenter/understanding-psychotherapy.aspx

sábado, 1 de junho de 2013


Psi-clínica: Diálogos Soltos]: Consulta de Adolescentes


A Adolescência, em latim Adolescere foi um tema utilizado pela primeira vez na Roma Antiga, por Platão e Aristóteles, cerca do ano 193 A.C., e significando Crescer. A Adolescência representa uma etapa do ciclo de vida de transformações profundas em várias facetas – individual, familiar, social. O reconhecimento desta etapa enquanto estádio do ciclo vital contribuiu para o inundar do mundo artístico, sendo a Adolescência representada através da música e da pintura.
Esta etapa de desenvolvimento foi (é?!!) alvo de controvérsia e a própria investigação científica neste campo partiu de uma visão negativista da adolescência. Na verdade, partiu de uma visão “nula” da adolescência em que da infância havia como que um “ritual de passagem” directo à idade adulta. Só bastante tempo depois a Adolescência foi encarada como uma etapa de desenvolvimento, ainda que caracterizada segundo uma perspectiva negativa: turbulenta, instável, “difícil”, “problemática”. Com o crescente interesse pelo estudo do desenvolvimento, esta negatividade atenuou-se através do reconhecimento dos Adolescentes como seres competentes e altamente capazes de lidar com as inúmeras transformações que os desafios nesta fase de vida.
Actualmente, é aceite a ideia de que não existe Adolescência mas sim Adolescências (Sampaio, 2006), na medida em que os jovens manifestam estilos de vida muito próprios, padrões de comportamento e pensamento idiossincráticos que concorrem para a heterogeneidade desta etapa de vida e que representam, por sua vez, o fruto da influência marcada dos contextos proximais (e.g. família, escola) e distais (e.g. políticas educativas, cultura, valores e normas sociais) ao jovem.
O estudo da Adolescência em contexto permitiu aumentar os conhecimentos acerca da Adolescência e um maior enfoque nos processos de mudança e adaptação – no desafio em detrimento do problema.
Os esforços adaptativos que constituem esta etapa representam, contudo, um aumento dos níveis de stress que podem representar o perigo para as dificuldades ou a oportunidade para o crescimento. Neste ponto de viragem e dadas as características tão próprias dos Adolescentes, a consulta psicológica de adolescentes, deve ser “adaptada” a esta população, focando sempre os desafios de desenvolvimento que decorrem, as diversas formas de expressão emocional dos adolescentes. Descurar estes aspectos pode representar dificuldades acrescidas para o terapeuta que poderá sentir que o adolescente se distancia não ocorrendo uma boa adesão terapêutica e, consequentemente, vivenciar a frustração de conduzir um processo terapêutico ineficaz.
No que a isto diz respeito, enquanto técnicos de saúde mental devem considerar continuamente determinados aspectos: 1) um jovem vem habitualmente referenciado pelos pais, escola (em casos mais extremos, outras instituições como o tribunal) e não por sua livre vontade; 2) na adolescência, a pressão da identificação com os pares, em conjunto com a pressão social, concorrem para uma maior estigmatização do pedido de ajuda psicológica como algo destinado a pessoas “doentes” ou “incapacitadas”; 3) as razões que conduziram ao pedido de consulta associam-se geralmente a situações de fracasso (e.g. insucesso escolar, dificuldades na gestão emocional e de relações entre outras, as quais são difíceis, para o adolescente, de discutir com um estranho (o terapeuta!); 4) dada a etapa de vida em questão e importância do contexto no bem-estar ou nas dificuldades dos jovens, a participação da família no processo terapêutico é muito importante, o que nem sempre é bem aceite pelos jovens, que desejam criar um “espaço” de autonomia.
O estabelecimento de uma boa adesão terapêutica e, consequentemente, de uma relação de confiança entre o jovem e o terapeuta, implicam clarificar inicialmente falar dos obstáculos à participação dos pacientes e estabelecer as regras da consulta, tais como, o tempo da consulta, os da avaliação ou seguimento, o envolvimento da família e as questões da confidencialidade. O tema da confidencialidade é um ponto essencial em consulta de adolescentes. A fantasia dos jovens é a de que “tudo” será contado à família ou “nada” será contado à família. Nenhuma das versões está realmente de acordo com a realidade. A confidencialidade tem limites e aqueles que trabalham em clínica, sobretudo, com esta população, saberão o quanto esses limites e a transparência na importância que estes têm, determinam o sucesso terapêutico. O jovem deverá compreender que quando existem dilemas éticos é necessário que a confidencialidade seja equacionada e que tal não representa uma aliança com a família ou uma desconfiança face ao jovem, mas sim um “reforçar” da ajuda que pode ser necessária, sobretudo em situações mais graves como os comportamentos auto-destrutivos.
Neste ponto, enquanto terapeutas é também muito importante equacionar quando devem ser evitadas consultas a sós com a família, sem a presença dos jovens. No nosso entender, parece-nos que a consulta com a família é absolutamente essencial, e necessária (até porque estamos a falar de pacientes menores de idade), para o progresso terapêutico. Contudo, a ausência do jovem nas conversas com a família podem deixá-lo confuso quanto ao papel do terapeuta na intervenção (“afinal ele é o meu terapeuta ou o terapeuta da minha família?!”). Numa etapa de desenvolvimento marcada pelo investimento em movimentos centrífugos à família, este tipo de questões podem ser prejudiciais ao estabelecimento da relação de confiança ou vir a perturbá-la.
Reflectindo sobre o próprio terapeuta, o acompanhamento psicológico de jovens não pode permitir que sejam esquecidas as noções básicas de ética e profissionalismo. Os jovens apreciam (e exigem!) informação clara e concisa, um relacionamento adequado ao contexto de ajuda em que estamos e segurança no projecto terapêutico estabelecido. O terapeuta deve por isso, evitar uma postura paternalista e autoritária, substituindo-a uma atitude colaborativa, flexível (ainda que com regras claras!) e centrada no jovem, adequando a sua linguagem à linguagem do paciente sem personificar um “adolescente” que não é.
Os jovens, quando vão a uma consulta querem falar com um profissional e não com “um amigo”. O mesmo acontece com as famílias.


DC

  Referências:
Guerreiro, D., Cruz, D., Narciso, I., & Sampaio, D. (2009). Aspectos Particulares da Consulta Psicológica e Psiquiátrica em Adolescentes. Saúde Mental, XI(4), 29-41.
Sampaio, D. (2006). O conceito de adolescência. In Sampaio. D. (Ed.), Lavrar o Mar (pp. 17-25). Lisboa: Caminho.

DC em colaboração com  Psicologia Para Psicólogos     à(s)  Segunda-feira, Maio 27, 2013

Psicologia Para Psicólogos (Projecto): Nova Autora: Diana Cruz

Psicologia Para Psicólogos (Projecto): Nova Autora: Diana Cruz: O Psicologia Para Psicólogos dá as boas-vindas à Diana Cruz , a nossa mais recente autora.             Diana Cruz é Licenciada em Psico...

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Palavras para a Minha Mãe (J. L. Peixoto)

Palavras para a Minha Mãe

 mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz.
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.

pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te
desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.

às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo,
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.

lê isto: mãe, amo-te.

eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não
escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que
não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não
as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes.

José Luís Peixoto, in "A Casa, a Escuridão"

domingo, 28 de abril de 2013

Importância do Sorriso - Dia Mundial do Sorriso

A importância do sorriso
Maria Fernanda Barroca
O sorriso não é o mesmo que o riso. Separa-os um fosso tão grande como o que separa as lágrimas silenciosas, diante de um desgosto, dos gritos histéricos e lancinantes de quem não sabe dominar-se.
Bergson escreveu: "O riso é algo que irrompe num estrondo e vai retumbando como o trovão na montanha, num eco que, no entanto, não chega ao infinito". O sorriso, pelo contrário é silencioso como chuva mansa que cai e fertiliza a terra ou como brisa suave que acaricia e refresca o rosto. Enquanto o riso é extroversão, o sorriso desvenda delicadamente o interior de quem sorri.

O poder do sorriso é grande, e saber sorrir é algo de muito importante. Antoine de Saint-Exupéry diz: "No momento em que sorrimos para alguém, descobrimo-lo como pessoa, e a resposta do seu sorriso quer dizer que nós também somos pessoa para ele".

O sorriso traduz, geralmente, um estado de alma; é um convite a entrar na intimidade de alguém, a participar do que lhe vai no íntimo. É por isso que o homem é o único animal que sorri; e, como é dotado de inteligência e vontade, pode sorrir quando tudo vai bem ou sorrir mesmo que as coisas corram menos bem - tudo se resume na harmonia interior.

O sorriso é o que primeiro acontece quando um rapaz e uma rapariga se olham e se enamoram. Não sabem explicar por que se enamoram, mas é-lhes impossível deixar de sorrir um para o outro, num sorriso cúmplice de quem não precisa de palavras para dizer o que sente. Se o enamoramento continua vem a fase em que, juntos, acham graça a tudo, sem prestarem atenção a nada do que os rodeia. Então, por vezes o seu sorriso muda-se em riso estrondoso, mas cristalino manifestando toda a força da sua juventude. Se o enamoramento leva ao namoro e este ao amor que conduz ao casamento estável, então saber sorrir é fundamental para vencer o desgaste da rotina do dia a dia e para evitar o afastamento de dois seres que, vivendo muito perto, estão interiormente afastados - não estão em sintonia.

É pois muito importante saber sorrir. Um sorriso pode dissipar uma angústia, se for simpático, ou aumentá-la se for sarcástico; pode estimular um trabalho, se for de aprovação, ou desanimar quem trabalha se for cínico; pode criar uma amizade, se for sincero e transparente, ou um afastamento se for hipócrita; pode humilhar de modo irreversível se não for autêntico e espontâneo.

O sorriso pode ser um grande auxiliar na educação. Não o sorriso que pactua com a asneira, mas o sorriso que acompanha uma repreensão justa e que mostra ao visado que, apesar da dureza e firmeza da repreensão, há amizade e compreensão.

Sorrir, porém, pode ser uma tarefa difícil. A dor e o cansaço tornam, por vezes, o sorrir muito árduo. Se há fortaleza interior então há sorriso, mas dorido. Perguntaram um dia a uma doente em grande sofrimento: "Como te sentes?". A resposta foi desconcertante: com um sorriso-dorido respondeu: "dói-me tudo".

Mas como anda desvirtuado o sorriso! Será que podemos chamar sorriso o que vemos no rosto dos que assinam os "tratados de paz e cooperação"? Não, o que vemos não passa de um esgar.

E termino com uma frase que vinha num calendário de bolso que me deram: "Não critique, ajude; não grite, converse; não acuse, ampare e... não se irrite, sorria".


 

in portal da família
 
Fonte: site Aldeia - http://aaldeia.net

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Associação entre comportamentos auto-destrutivos e coping na Adolescência

Partilhamos convosco uma das nossas últimaspublicações em revista de investigação científica internacional.
Este trabalho surge no âmbito de trabalhos de investigação desenvolvidos por D. Guerreiro e D. Cruz, com adolescentes portugueses, no âmbito das suas dissertações de doutoramento.

Association between deliberate self-harm and coping in adolescents: a critical review of the last 10 years' literature.

Abstract

Coping is commonly associated with deliberate self-harm (DSH) in adolescents. This article reviews the published literature from 2000 to 2010, aiming to highlight the current evidence supporting this association. Eighteen studies met the inclusion criteria, a total sample of 24,702 subjects was obtained and 17% were DSH cases. Emotion-focused coping style and in particular avoidant coping strategies have consistently been associated with DSH in adolescents. Problem-focused coping style seems to have a negative relation. Most studies were cross-sectional, which seriously limits our conclusions on causality. There is a clear need for more systematic studies, performed in accordance with consensual methodology.

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23614483

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Aspectos Particulares da Consulta Psiquiátrica e Psicológica em Adolescentes

Aspectos Particulares da Consulta Psiquiátrica e Psicológica em Adolescentes
 Revista Saúde Mental
 Autores: Diogo Frasquilho Guerreiro, Diana Cruz, Isabel Narciso, Daniel Sampaio


A intervenção psiquiátrica e psicológica em adolescentes representa um desafio para os técnicos de Saúde Mental, tais são as especificidades desta etapa de desenvolvimento. Embora a adolescência seja vivida com sucesso pela grande maioria dos jovens, a literatura científica revela que os problemas de saúde mental são muito frequentes na adolescência, razão pela qual se considera de maior relevância a análise e estudo das particularidades das consultas de saúde mental dirigidas a esta população específica. É nosso objectivo, neste artigo, rever estas particularidades, à luz dos avanços científicos, de uma forma integrada biopsicossocial, mas também na perspectiva da nossa experiência clínica de trabalho com adolescentes, enfatizando-se as suas particularidades biológicas, psicológicas, sociais/ sistémicas e epidemiológicas. O processo de revisão incluiu a pesquisa de artigos científicos através de várias bases de dados e a consulta de livros de texto que são referências nesta área. Por fim, é feito um capítulo acerca de atitudes neste tipo de consulta, que poderão ser úteis aos técnicos de saúde que tenham a sua actuação nesta área.

terça-feira, 16 de abril de 2013


Hoje é Dia Mundial da Voz. O instrumento que todos temos oportunidade de utilizar e do qual devemos cuidar.

Desfado - Ana Moura

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Época de Exames - Ansiedade de Desempenho

Os exames estão à porta e com eles o "monstro" da Ansiedade de Desempenho. Este quadro é mais comum nos estudantes, sobretudo no fim do ensino secundário e no ensino universitário (embora possa surgir noutras fases de deenvolvimento e noutros contextos) e pode tornar-se francamente prejudicial ao bom funcionamento social, ao bem-estar emocional e à trajectória escolar/ académica dos jovens.

O número de Junho da Revista Zen contará com a nossa participação dedicada ao tema "Ansiedade de desempenho em contexto académico: uma estado passageiro ou uma trajectória negativa de desenvolvimento?"

sábado, 13 de abril de 2013

narrativaSoltas: Deprimido(a) ou triste?!

narrativaSoltas: Deprimido(a) ou triste?!: Quantas vezes, no dia-a-dia ouvimos "hoje estou deprimid(o)a"? Pergunto: Deprimido(a) ou triste?! A verdade é que frequentemente ...

Deprimido(a) ou triste?!

Quantas vezes, no dia-a-dia ouvimos "hoje estou deprimid(o)a"? Pergunto: Deprimido(a) ou triste?!
A verdade é que frequentemente estes dois significados são confundidos.

Todos nós sentimentos tristeza, por vezes. Devido a algum acontecimento stressante do quotididiano, ao defraudar de expectativas ou outras experiências que representam fontes de sofrimento. A tristeza tem uma função adaptativa de nos permitir reflectir, pensar, sentir, aquilo que é realmente importante, que nos falta ou que, eventualmente, manifesta a necessidade de mudança.
A tristeza não é um estado de perturbação mental ou de doença psicológica/ psiquiátrica. É um estado transitório que não perturba de modo relevante o funcionamento habitual de cada um e que não tem a intensidade de uma perturbação psicológica. "Hoje (esta semana) estou triste".

A depressão não representa apenas um estado transitório de tristeza. Aliás, entenda-se, a depressão não é apenas tristeza. A depressão representa um estado duradouro, intenso e contínuo na vida diária daquele que dela sofre.
É considerada segundo a classificação formal das perturbações psicológicas/ psiquiátricas como uma doença, dado que representa um estado de enorme sofrimento que invalida o funcionamento habitual do indíviduo. São frequentes as queixas de (para além da tristeza) falta de energia, de motivação para as tarefas habituais (mesmo as que antes representavam fontes de prazer), irritabilidade, pertubações do sono e variação do apetite/ peso, entre outras. O seu diagnóstico formal implica que este estado se prolongue durante várias semanas.
Frequentemente, embora nem sempre se verifique, podem surgir ideias de morte e suicídio.

A depressão é na maioria dos casos tratável ou mesmo curável, sendo muito menor a taxa de perturbações depressivas que assumem um carácter crónico. O seu tratamento passa pela procura de um profissional de Psicologia que possa assumir o acompanhamento psicológico/ psicoterapêutico. Dependendo do quadro clínico desenvolvido, a psicoterapia poderá (ou deverá) incluir também tratamento psicofarmacológico, ou seja, o recurso a medicação prescrita por psiquiátra de acordo com a avaliação da perturbação depressiva.

O efeito da terapia psicológica e da terapia psicofarmacológica revelam grande adequação a este tipo de doença, sendo elevada a taxa de sucesso no seu tratamento. Deste modo, não pedir ajuda técnica especializada, representa o prolongamento de um sofrimento progressivamente mais incapacitante (com a falência das competências para lidar com os problemas), prolongamento este que é desnecessário e evitável.

Além disso, quanto mais prolongada no tempo a trajectória de sintomas depressivos, mais difícil e moroso é o seu tratamento, gerando-se o ciclo (vicioso) de negatividade em que os sintomas se agravam e, com eles, também o disfuncionamento quotidiano o que, por sua vez, contribui também para o próprio agravamento sintomático.
Quebrar este ciclo, implica a procura de profissionais especializados que podem ajudar a identificar as dificuldades, as soluções (mal-sucedidas) já tentadas e contribuir para ajudar o paciente a gerar novas soluções mais adequadas. O terapeuta tem, deste modo, o papel de colaborar no quebrar do ciclo vicioso em que a vivência do paciente está instalada, construindo com este um novo padrão de funcionamento em que as suas competências são estimuladas, desenvolvidas e potenciadas de forma a constituirem recursos válidos que impeçam uma nova "recaída".

DC, 14 de Abril, 2013

domingo, 7 de abril de 2013

Dia Mundial da Saúde (2013)

A Organização Mundial de Saúde (cujo aniversário de fundação se comemora neste dia 07 de Abril) define SAÚDE como um estado não só de ausência de doença mas sim de BEM-ESTAR FÍSICO, PSICOLÓGICO E SOCIAL.

Assim "ter saúde" prevê:
  • um corpo saudável;
  • uma percepção de bem-estar psicológico e emocional;
  • um sentimento de bem-estar na relação com os outros e com os contextos da vida quotidiana.
Assim, não basta a ausência de doença (física) para que alguém tenha saúde. É preciso encarar a saúde e cada pessoa como um ser holístico e, por isso, se as relações com os outros, as emoções, os projectos de vida não trazem satisfação ou surgem como obstáculos, importa cuidar deles, recuperá-los, mudá-los, transformá-los de forma que este conceito sistémico de saúde esteja progressivamente mais próximo de cada um de nós.
Ser saudável é então ser capaz de concretizar e superar objectivos e projectos de vida, nas várias facetas que esta inclui.

Esta definição da OMS chamou a atenção, em primeiro lugar, para a relevência de um leque de profissionais e áreas ciéntíficas não só ligadas à medicina, mas também à higiene, à saúde publica, à saúde mental e ao clima social. Em segundo lugar, enfatizou o papel da sociedade, da cultura e da economia no bem-estar (vs. ausência de saúde) dos indivíduos. Além disso, esta definição aponta também para a prevenção nas diversas àreas e não apenas para o tratamento ou a cura de problemas de qualquer ordem.
Cuidar da saúde de "nós" e dos "nossos" é mais do que tratar as doenças físicas e as dores do corpo. Cuidar da saúde é cuidar do corpo, sim", é também cuidar das emoções, dos pensamentos, dos relacionamentos com os outros e com o nosso papel social.
`É ter uma boa alimentação, fazer exercício físico, ter projectos de futuro, tirar satisfação do convívio, do trabalho, das horas vagas, das relações familiares e de nós mesmo e do nosso caminho de desenvolvimento. É tratar também "as dores" emocionais, quando existem.

DC, 07 de Abril de 2013

quinta-feira, 4 de abril de 2013

"A psicoterapia e Eu " (por paciente)

Deixo-vos um testemunho na primeira pessoa, de uma paciente que aceitou este desafio após um processo terapêutico.

A PSICOTERAPIA E EU…*

Foi-me colocado o desafio de falar um pouco do que foi o processo da psicoterapia para a
minha pessoa.
De modo a poder enquadrar todo o processo pelo qual passei, posso começar por descrever o
que me levou a procurar este tipo de acompanhamento.
Estava a passar por uma fase de mau estar comigo própria, pois tinha passado por um
relacionamento muito complicado e sentia um misto de emoções, tais como tristeza, raiva,
desorientação, irritação, choro, tudo e mais alguma coisa. Sempre neguei precisar de ajuda,
até porque me fui convencendo que era uma questão de tempo até passar a fase pela qual
estava a passar.
Isolei-me em casa afastada dos amigos e família, achando que o problema se resolveria por si
só. A motivação era nula para o que quer que fosse, desde fazer uma sandes para comer, até
para atender uma chamada de um amigo ou família. Os objectivos para a vida eram nenhuns e
sentia-me num beco sem saída, aguardando que a solução me caísse do céu, pois já tinha
pensado em todas as soluções e mais alguma mas não havia meio de me mexer, pois a apatia e
letargia para a vida já estavam instaladas.
Sempre achei que tinha tudo sob controlo até porque embrenhei-me na leitura de livros de
auto-ajuda e outros que tais, que traziam pouco valor acrescentado, se não direi mesmo,
nenhum! Tanto que não ajudaram que cheguei ao ponto de não conseguir controlar os meus
sentimentos e pensamentos caindo num choro compulsivo e então aí achar que já estava a
ficar com uma depressão, a qual tinha de ser acompanhada por um psiquiatra.
Reconheço hoje que, não vale a pena dizerem-nos que precisamos de procurar ajuda de um
profissional, pois só nós é que decidimos quando a procurar.
O psiquiatra disse que o meu caso não era do foro da psiquiatria, mas sim da psicologia, pelo
que me aconselhou a psicoterapia.
E assim começou esta jornada da psicoterapia na minha vida.
As primeiras sessões de psicoterapia com a psicóloga foram dolorosas ao ponto de achar que
estava a retroceder em vez de avançar, mas tudo isso faz parte deste processo. Estas sessões
têm por vezes uma conotação penosa, pois vão à nossa essência e tocam o nosso ser mais
recôndito, ao ponto de o choro voltar a ser o nosso companheiro durante as consultas.
Desengane-se desde já, quem pense que o psicólogo nos dará “a solução” para o nosso
problema, pois não é essa a abordagem. O psicólogo somente nos ajuda a descobrir “a
solução”… e essa só se encontra dentro de nós e em mais lado nenhum! O psicólogo só nos
ajuda a alcançá-la.
As sessões ajudaram-me a ser um pouco mais verdadeira comigo própria, a não inventar
desculpas, a saber analisar-me e a não "tapar o sol com a peneira" (algo que era muito
frequente, inconsciente e compulsivo em mim).
Aos poucos comecei a compartimentar ideias, situações, emoções e sentimentos e a resolver
dentro de mim os problemas. Confesso que nem sei muito bem como isso se processa,
somente fui seguindo indicações da psicóloga até que chega o dia em que pura e
simplesmente dá-se o “clic” e dei comigo a agir por mim própria!
Aos poucos a apatia desaparece, a motivação surge e o isolamento deixa de fazer sentido,
enquanto as respostas começam a surgir por nós e não pelos outros.
O “nosso eu” durante este processo é tão trabalhado, que aprendemos a gerir as nossas
emoções ao ponto de as saber-mos avaliar e controlar de uma forma um pouco mais eficaz.
Sem dúvida que a psicoterapia pode ser um apoio importante no processo de crescimento,
desenvolvimento e evolução pessoal, pois o paciente é confrontado com os seus medos, as
suas ideias, os sentimentos, os pontos de vista, os valores, as atitudes e tantas outras coisas,
de modo a encontrar o seu “verdadeiro eu” dentro de um padrão de funcionamento mental.
Basicamente de início a pessoa começa por negar muita coisa, depois a aceitar o que é como
pessoa e a aceitar o que a rodeia, e posteriormente é levada a percorrer o seu caminho pela
vida de uma forma psicologicamente mais equilibrada.
Em suma, só me resta dizer que quanto mais tempo levarmos a achar que conseguimos
sozinhos e sem ajuda de um psicoterapeuta/psicólogo, chegar à resolução da nossa tormenta
interior e à descoberta do “nosso eu” ou da “nossa solução”, mais tempo perdemos para a
vivência e o aproveitamento da vida com tudo o que de bom ela ainda nos possa dar.
Vi na psicoterapia o caminho a percorrer para encontrar de novo o alento, a esperança, a
qualidade de vida, o gosto de viver e de estar, os quais andavam sumidos em mim e foram
encontrados por mim, com a ajuda do psicólogo.

Paciente, sexo feminino, 37 anos
 
* Este testemunho é fruto da reflexão da própria paciente, publicado com a sua autorização e com a garantia de anonimato e confidencialidade. Não foi realizada qualquer alteração ao documento que nos disponibilizou.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

A falar é que a gente se entende (a nós aos outros!)

A psicoterapia é uma forma de terapia psicológica que tem como objectivo ajudar o paciente a lidar com as suas dificuldades.
Equacionadas as necessidades de intervenção, a psicoterapia recorre a técnicas psicológicas que possam contribuir, num processo
de reflexão conjunta entre o terapeuta e o paciente, para o desenvolvimento de novas crenças, atitudes e interações mais
adaptadas e positivas, com vista à melhoria dos sintomas, do funcionamento global e do alívio do sofrimento psicológico.
Numa perspetiva sistémica e familiar, tentamos compreender as suas dificuldades individuais e de interação (família, escola,
trabalho...) à luz da etapa do ciclo de vida em que se encontra (adolescência, idade adulta).
Quando é que nós ou os "nossos", ou "as relações entre nós" precisam de ajuda de psicoterapia?
Devemos estar atento aos sinais: sensação de "mal-estar" difícil de definir que pode gerar tristeza, agitação, angústia,
dificuldade de relacionamento com os outros, ou em realizar tarefas antigamente prazerosas ou consideradas simples.
Particularmente nos adolescentes, é frequente um aumento da irritabilidade ou do isolamento, comportamentos de risco como o
abuso de álcool ou desvinculação à escola. Nas famílias/ casais... o conflito, dificuldade na união para a resolução das
dificuldades familiares, a falta de diálogo e uma comunicação marcada por negatividade, crítica ou falta de clareza.
O mais importante: percebermos a frequência, a duração e a intensidade de quaisquer que sejam os sinais de sofrimento (estes
ou outros) e se estas dimensões estão exacerbadas e sobrerepresentadas no quotidiano, é o momento de consultar um
especialista e ponderar com ele a necessidade de um acompanhamento psicológico. Conselhos práticos? Pedir ajuda, nunca será
um sinal de fraqueza, mas uma demonstração de auto-conhecimento dos nossos limites e competências. Mudar não é
instantâneo, nem espontâneo, exige trabalho, colaboração e tempo. O tempo utilizado na Psicoterapia é ganhar tempo de vida
com qualidade, para nós, para "os nossos", para as "nossas relações".

DC in Newsletter nº 17  Clínica Gerações